quarta-feira, 28 de junho de 2017

Ao que virá (e ao que já foi)

É véspera do meu aniversário e, portanto, deem crédito para que haja, sim, textão. Vocês, sobretudo quem me acompanha com frequência, sabem que não tenho feito isso com a mesma regularidade. Por isso perdoem essa verborragia, mas hoje eu preciso escrever.

Primeiro, antes e sempre, para agradecer. Esse ano pessoal talvez tenha sido o mais intenso da minha vida, sob vários aspectos, e só foi possível atravessá-lo com a ajuda de alguns anjos que, graças a Deus, tive em meu caminho. Foram poucos, e eles sabem quem são, então não vou nomina-los porque eu já o fiz isso muitas vezes: agradecer a eles diretamente.

Os 35 vão dando adeus e eu tenho uma fé imensa e inabalável, essa que sempre me acompanha em tempos de sol ou chuva, que os 36 serão de COLHEITA.
Recebi uma mensagem linda, há pouco, dessas que a gente sabe que são intuídas e orientadas por Deus, de um novo amigo. Fiquei emocionada porque ele me disse com essas palavras, que eu precisava ouvir e das quais me empoderei: esse ano será SIM de colheita. Porque tenho sido boa semeadora, porque o plantio tem sido consistente e trabalhoso, sobretudo porque eu mereço.

Escolhi um caminho difícil, eu sei, mas nele há toda a verdade que sempre desejei viver e um desejo genuíno de servir, com os talentos e dons que Deus me deu, todas as pessoas que eu puder. E viver com essa verdade não tem preço. Diante das tempestades eu lembro de todas as razões que me fizeram abandonar os caminhos tradicionais e seguir por esse, e entendo que não podia ser de outra forma, minha jornada não podia ser diferente. Essa sou eu, inteira, vivendo o que acredito, da forma que entendo ser correta, e isso pode ter um preço alto no mundo maluco que estamos vivendo – mas me faz dormir e acordar todos os dias sentindo PAZ no coração.

Talvez isso seja o bem mais valioso que conquistei durante os anos de conflito: paz.

Conheço e respeito as sombras que me habitam, mas sempre que posso vou escolher a luz.

Quando me esqueço, Deus trata de me lembrar que ela existe e que eu posso sempre escolher ver a vida sob a ótica da luz.
Esse ano eu casei (quem diria!!), conheci Davi e o amor mais profundo que podia, passei por dificuldades grandes e graves (sem perder a fé) e tive o acolhimento e o suporte de mãos maravilhosas que me mostraram um caminho novo por onde seguir.

Eu fui ajudada muito mais que ajudei. Por isso sigo e seguirei sendo grata.

Fiz escolhas difíceis, tomei decisões radicais e duras.

Olhei bem dentro dos meus olhos e me vi, entendi que não podia mais ficar refém de certas coisas, e abandonei novos barcos. Não precisei queimá-los. Só os deixei, mesmo.

Busquei um novo sentido, entendi coisas que achava que já tinha entendido, aprendi mais do que acreditava já ter aprendido.

Li muito, observei muito, aprendi mais. Estudei. Orei muito. Muito. Deus nunca se calou diante das minhas orações, que viraram súplicas em muitos dias. Presenciei milagres. Deus me ofereceu presentes de fontes que eu jamais imaginava receber.

Silenciei nos momentos propícios, falei mais alto quando foi necessário.

Resgatei a necessidade de ser parte, de conviver, de reestabelecer vínculos importantes, e só mesmo o que era necessário restou. Ainda bem!
Estou sempre aprendendo essa lição, a do desapego. Acho que vou ter que aprender para sempre. Ah, e não criar expectativas. Talvez essa eu demore um pouco mais para aprender sem dor.

Fiz escolhas. Houve consequências. Amadureço mais a cada dia com elas.

O que não muda, nunca? Ainda não tolero injustiças, tenho pouca paciência com a violência de forma geral e sigo acreditando que não preciso entrar em conflitos desnecessários, sobretudo quando estou em paz com a minha consciência.

O ganho de peso sinaliza que continuo engolindo alguns sapos e as enxaquecas que sigo sendo sensível demais. Ambos sinais me indicam a solução de sempre, tão óbvia quando difícil de seguir: o caminho do meio. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. É que às vezes meus pés insistem em voar. Erroneamente acho que tenho nadadeiras para mergulhos maiores e asas para voos mais altos. Aí a dor me lembra: respeite seus limites.

Às vésperas do meu novo ano, o medo adormecido há 16 anos bate de novo na minha porta. E eu tremi. Literalmente. Mas, novamente, fui acolhida por anjos bons e, mais uma vez a vida me diz: respeite seu tempo, seu ritmo, seu espaço pessoal. E agradeço inclusive esses sinais mais duros que a vida vira e mexe me dá...

E é só isso, parceiro. E é tudo isso. A vida é trem bala, isso eu já sabia. Prestes a partir estamos todos e as mortes me ensinam, sempre, todos os dias, que a vida é breve – e por isso mesmo eu escolhi viver assim, intensamente.

Minha vida não é mais sobre ter todas as pessoas do mundo pra si. Só de saber que em algum lugar alguém (e quão lindas são essas pessoas) zela por mim faz viver ter todo sentido. Ainda que haja dias sem sentido algum.

Tem alguém segurando sempre minha mão nas estradas que eu caminho. E viver não é mais sobre correr e chegar mais rápido. É sobre caminhar junto e chegar mais longe.

É nisso que eu acredito e é assim que sei ser.

É saber se sentir infinito. É acreditar.

Para fazer valer cada verso daqueles poemas. Todos que já escrevi. Todos que ainda vou escrever.

É, sobretudo, saber partir.

Viver é também sobre isso. Sobre saber chegar e saber partir.

Passageira que sou, sigo. Buscando ser (e viver) melhor.

Bem vindos sejam os meus 36, que são 3+6=9, que me deixam mais próxima dos 40 que dos 30, que me fazem considerar a maternidade e mudanças maiores.

Fé, força, foco e coragem. É tudo que peço e tudo que preciso para seguir.

Quem sabe o que virá?

Ele. E, se Ele sabe, eu apenas sigo navegando.

Vivendo, agradecendo, aprendendo e navegando.