quarta-feira, 13 de abril de 2016

Travessia

Há situações na vida que não podem se descritas ou narradas. Precisam ser vividas, em toda sua profundidade e inteireza, e apenas quando a gente entende para que servem podem ser partilhadas.

É isso que tem acontecido comigo.

Estou vivendo uma travessia, longa e importante, que certamente há de se tonar conto, livro, palestra (sei lá), mas que eu precisava viver NA PELE. Com a alma, toda emoção, e por isso estar inteira lá me faz ficar um tanto ausente aqui. São espaços diferentes. Um real; outro virtual.
No fundo, todos são a mesma coisa.

Há poucos meses iniciei minha jornada no universo do estudo da mente (e do homem, e da alma), e cada dia que passa tenho mais certeza de que saber o que sei hoje me torna profundamente diferente.

O modo como observo o mundo é mais amplo, mais vívido, como se as cores realmente tivessem um novo significado.

Eu me dei conta de cada coisa na minha vida. Cada emoção, cada reação, cada registro em minha memória, cada programação, cada mecanismo. Entender esse “roteiro” me faz, ainda agora, permanecer perplexa diante das possibilidades que tenho de mudança. Não só sobre a minha vida, mas ajudando outras pessoas em suas travessias.

A minha, agora, é num clima deserto, mas ainda há água entre as montanhas de terra seca e eu percebo, em cada passo, a presença de Deus.

Cuidando de absolutamente tudo de que preciso. Quando fecho os olhos, está lá a comida, a bebida, o abraço ou a palavra que preciso. Preciso de muito menos do que achava que precisava. Cada vez menos.

Abri mão de toda a minha natural necessidade de controle porque percebi (olha o paradoxo incrível!) que, apesar de ser responsável por tudo que me acontece, eu não tenho o controle de absolutamente nada que acontece. Você não precisa entender. Eu não entenderia isso uns anos atrás.

Queria vir aqui pra contar pra você, que de algum modo me acompanha (porque eu te inspiro, ou porque te causo qualquer sentimento, e se você reage à minha existência estamos conectados), que estou absolutamente confiante no fluxo da vida.

São águas calmas onde navego? Longe disso.

Por outro lado, tenho uma nau muito mais forte. Aquele navio quebra gelo que meu pai escreveu um dia que eu seria. Corajosa e atrevida, eu permaneço acreditando que tudo dará certo no final. Que tudo já deu certo.

Mudei profundamente minha maneira de olhar para as coisas, para as pessoas, para os fatos (em contraponto ao sofrimento que geramos sobre os fatos) e estou diuturnamente buscando uma conexão maior com essa força que nos atravessa, ultrapassa e sustenta.

Ela é a fonte inesgotável de todo amor, de toda a verdade, de todos os recursos e tesouros e segredos que precisamos saber.

Confio nela cada dia mais, porque pequenos milagres vão acontecendo o tempo todo, a despeito das tempestades de vento que por vezes me cegam a visão.

Eu não perco o foco no lado de lá, mas já não deixo de observar a viagem.

Abro os olhos. Enxergo tudo.

A sombra e a luz.

O caos e a ordem.

A paz e a guerra.

O dia e a noite.

Tudo, que é a mesma coisa, que me contém e onde estou contida.

Atravesso.

Para onde? Não tenho a menor ideia. Mas enxergo, mais que nunca, a beleza em todas as travessias.

Permaneço conectada com você, em pensamento e oração, para que você observe todas as suas travessias com atenção. Todas elas tem o propósito legítimo e impressionante de transformar você. Sempre, sempre, sempre, para melhor.

Creia nisso. :)